Tenho um professor que é um agitador político. Na primeira aula, quis abrir-nos os olhos para a máfia dos Hospitais, Farmácias & Governo. Sacou da calculadora para escrever no quadro o custo anual do tratamento da doença A em Portugal. É claro que tudo com mais de 7 dígitos parece muito grande mas não se quis embaraçar com comparações.
Gosta de ser bombástico, portanto na segunda aula chamou estúpidos a todos que não ele e nós, alunos, mais dignos de pena. Preocupa-se muito, desde o início do curso temos sido educados por cretinos, e até profetiza: “Nada do que aprenderam até aqui se vai aproveitar.”.
Naturalmente, quanto ao caso clínico da aula, comentou: o enunciado é estúpido (a idade do paciente não se actualiza de ano para ano); os médicos intervenientes foram estúpidos também (como a maioria da classe, aliás); o paciente foi um grandessíssimo estúpido pela sua pateta tentativa de por termo à vida; e numa estupidez ainda maior, os portugueses (porque revelam falta de estudos no modo simplório como se costumam matar, não se sabem suicidar com drogas engenhosas cujo conhecimento requer licenciatura).