sábado, 29 de novembro de 2008

Gostamos muito de nos achar com imenso tempo e sozinhos para finalmente realizar a nossa lista bestial de afazeres. Desde ler aquele livro até aspirar o quarto. Mas auto-boicotamo-nos. O fim-de-semana ainda agora começou e já vagueio pela Internet.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

prendinhas envenenadas

Uma tragédia em 2 actos para oferecer a meninas a quem se quer mal.




"Imaginem o que é ter de cuidar de um bébé, de lhe dar os mimos e a atenção de que tanto precisam. Este jogo faz isso mesmo e só se aplica às meninas que gostem de bebés amorosos e que queiram cuidar deles. Há alguma que não seja assim?"







""Imagina Casamento de Sonho" dá a jovens raparigas a oportunidade de viverem a vida gratificante de um designer de casamentos e exprimirem toda a sua criatividade."


Podia lançar uns palpites sobre a filosofia que sustenta estes passatempos mas estou ocupada com a gratificante tarefa de ver a novela e ainda tenho de ir pintar as unhas.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

poesia no fim-de-semana (regresso à erudição)

No sábado gostei muito de ouvir Joaquim Pessoa. Dizia assim:

Europa Acidental

Europa acidental
Aqui nem mal nem bem
Aqui nem bem nem mal.

Aqui se alguém não é ninguém
É porque a gente nasce
De um modo ocidental:
Vivem uns bem e outros mal.

E afinal
É natural (naturalmente)
Que haja gente também
Gente que é gente de bem
E gente que é apenas gente.

Europa acidental.

O mal
É Ter na nossa frente
Um mar de sal.
Um mar de gente
Que de repente
(é assim mesmo: de repente)
fica vazio e sem ninguém
se um dia alguém
por mal ou bem
quiser ser gente.

Europa acidental.

Europa acidental.

Não andar para trás nem para a frente.
Nascer morto ou vivo é tão normal que é indiferente.
E vai-se toda a vida na corrente.
E a gente morre de repente.
Sempre de costas.
Nunca de frente.
De morte necessária e natural ( naturalmente ).

Europa acidental.

Europa acidental.
O principal não é viver: é estar presente
nesta maneira ocidental de apodrecer decentemente.
Esta é uma questão fundamental ( é evidente! ).

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

simpatias

(Nem só de azia há-de sobreviver este blog…)

Já não era sem tempo subscrever e assumir o fraquinho por Obama!

Maledicência

Na falta de melhor assunto, manifesto a minha repugnância pelo fenómeno “Nora Roberts”. Todas as vezes que vou a uma livraria encontro editado um novo romance seu e não entendo como. Esta senhora escreve com uma frequência alarmante. Pelos vistos já editou 160. Li um desses 160 com um sôfrego de saber o fim apenas para jurar nunca mais perder tempo com tais géneros literários. Foi assim que a conheci. Para depois esbarrar nela, mês após mês, em novos livros, de capas e títulos airosos. E o seu pseudónimo ainda alavanca mais a minha embirrância.
Enfim, uma reactualização alargada e refinada dos romances arlequim que me persegue e deprime por figurar (quase) sempre no top dos livros mais vendidos.

domingo, 16 de novembro de 2008

2 Musts a propósito de mais uma manifestação de professores:

- o filme “Entre les murs” (a turma) de Laurent Cantet



- as palavras de D. Schwanitz em “Cultura” :

“ Já de si, a vida dos professores não é fácil. Para já, os outros grupos sociais têm-lhes um desprezo latente. Este deve-se ao facto de nunca terem abandonado o sistema escolar para se afirmarem na vida fora do mesmo. (…) Acresce que os professores têm mesmo uma determinada doença profissional: lidam, dia após dia, com adolescentes e crianças: assim, é inevitável que facilmente se tornem infantis (…) capazes de se exaltar com coisas secundárias. Mas este desprezo é injusto face a uma tarefa que nem um gestor experiente, nem um empresário com nervos de aço haveria de aguentar durante uma manhã sem pensar em fugir: nomeadamente a de levar uma horda de selvagens, sem interesse na aprendizagem, mal-educados e habituados ao entretenimento televisivo a interessarem-se pela sublimidade” de Camões, Fernando Pessoa e ilustre companhia.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008


Eu sabia!
Preciso de um(a) secretário(a), desesperadamente. Tão certo como lavar pratos não levar ninguém longe, formatar e imprimir também não me preenchem.

domingo, 9 de novembro de 2008

Piano

Antes eu estudava piano. Com menor frequência do que a minha professora desejava mas demasiadas horas para os meus vizinhos, sei-o hoje. Atenção porque nem era nada má, tenho provas factuais e testemunhas.

As pessoas são mais espertas que julgamos. O casal do 7ºandar engendrou uma vingança genial. No intervalo entre as minhas escalas, estudos e invenções, eles redigiam o amargo castigo. Um dia no elevador caiu a bomba e contentes me informaram que a sua filhota “mais nova” se preparava para iniciar também o estudo de tão brilhante instrumento.

Inicialmente, achei piada. Depois de incontáveis tardes de agonia, lá percebi a mensagem. A criatura diverte-se com a repetição frenética da mesma música há mais de 1ano. Sei de cor as passagens em que se engana. Pesa-me na consciência ter sido inspiração para tão grande mal e não sei a quem pedir perdão…a mim própria, a eles, a Mozart? Só posso esperar que um dia se farte (quando? Quando?) e até lá usar tampões para os ouvidos.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Deliciosa Demagogia

Tenho um professor que é um agitador político. Na primeira aula, quis abrir-nos os olhos para a máfia dos Hospitais, Farmácias & Governo. Sacou da calculadora para escrever no quadro o custo anual do tratamento da doença A em Portugal. É claro que tudo com mais de 7 dígitos parece muito grande mas não se quis embaraçar com comparações.
Gosta de ser bombástico, portanto na segunda aula chamou estúpidos a todos que não ele e nós, alunos, mais dignos de pena. Preocupa-se muito, desde o início do curso temos sido educados por cretinos, e até profetiza: “Nada do que aprenderam até aqui se vai aproveitar.”.
Naturalmente, quanto ao caso clínico da aula, comentou: o enunciado é estúpido (a idade do paciente não se actualiza de ano para ano); os médicos intervenientes foram estúpidos também (como a maioria da classe, aliás); o paciente foi um grandessíssimo estúpido pela sua pateta tentativa de por termo à vida; e numa estupidez ainda maior, os portugueses (porque revelam falta de estudos no modo simplório como se costumam matar, não se sabem suicidar com drogas engenhosas cujo conhecimento requer licenciatura).